"Porque o perfeito não é impecável. A perfeição está na forma como toda a imperfeição se harmoniza."

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domingo, 25 de maio de 2014

#semtítulo

Mais uma vez, nada do que parecia poderia ser.
Mas, era real. Mesmo que paralelo, mais real do que a própria realidade.
Passado da representação para algo que é.
E como, como não ser, sendo assim?

Fugiria mil vezes, mas repetiria as palavras.
Saltaria outras duas, mil vezes o faria.
Como poderia pensar em rima?
Vitima? Colina? Acima?
Acima do quê?
Acima de mim, além do meu controle,
pois, não controlo sentimentos.

Quando trouxestes a mim
a ti mesma, pensei: sonho.
Mas, então, vi que não pensava.
Tudo era, somente, e, por tanto ser,
vi-me sabendo o que seria,
o que faria mil vezes,
repetiria outras duas, mil.

E somente quem trouxe à tona
a realidade.
Apenas quem pode pensar a rima,
acima. Acima do quê?
Nem pense em não pensar.
Dentro e fora do risco, és o que és,
dentro e fora do real, por que, como,
como não ser?

Sim, era, não, é.
Nada fora do comum.
Apenas o que é pode ser; e tenho dito.




sábado, 18 de agosto de 2012

Posses

Desde que te vi, vi mais do que poderia haver num só olhar;
todo o conjunto subjetivo pairou por um tempo,
e o tempo, que de saber variava a cada noção adquirida,
que soava como abstratividade corrente e indevida,
fez saltar como dúvida o que morria a cada novo pensar.

Todo o tempo teço, tiro, trago e traduzo,
assim sendo como tudo o que é meu.
E eis que, no mais do mais, o você,
sempre presente, quase imortalizado,
o é através do resultado expressivo.
Mesmo nunca vindo a ser, tenho-te gravado como minha arte,
e, de tão minha, faço os traços do abstrato tão tangíveis quanto o concreto.
Eis que não te quero, mesmo querendo.

Pois o belo é objeto de desejo;
o desejo é perigoso enquanto age em demasia.
E, quando o desejo vem contra a razão,
creio que fazer esta falar mais alto é façanha para poucos.
A busca é por mim, para mim.
Mesmo sendo meu, mesmo sendo aprazível,
ainda que exceda o controle do normal. Serei anormal.

Grandessíssimo passeio pelas vicissitudes pessoais
suscita a  proposição: "Meu é o meu eu, pois, sem ele, eu nada sou."
E viver em torno da falta de um ser objetivo e próprio
anula a razão do próprio viver.
Pois a vida sem motivo não é nada mais além de convenção;
a vida sem motivo não é vida.
Sendo para um, para vários;
sendo pra o um que é quem vive.
Seja o que for, posso deixar a estigma inabalável:
Mesmo que tenha o prazer e goze da arte alheia,
o meu eu é meu, assim como o alheio o é inteiramente;
e que seja hermeticamente selado o que não pode variar,
o que é como a noção de sempre.


Assim, sou meu, mesmo que venha a ser seu. E ponto.

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Amanhã

Amanhã revirava-se e rasgava-se como se fosse se, mesmo sem ser;
amanhã, mesmo sendo como se fosse o que foi do que poderia ser.
E sempre, sempre amanhã.
Não é hoje, pois mesmo o hoje se revirava. 
E a minha alegria, nem foi, nem era... Mas pôde ser.
Porque por mais que eu tenha, sempre me escapa;
e por mais que eu tente ter sido
sempre serei dele, por ele, oriundo e predisposto.

Ontem não vi, não escrevi nem revelei.
Contudo, poderia ter sido. Poderia ter tido.
Eu sou, pois não poderia ter passado sem ser,
nem seria sem ser.
Ontem, mesmo sendo vago, obscuro.
Não mudo, antes sou;
e o sempre, por ser tão simples,
é o que eu sou, dele, por ele,
tão vago quanto vago pode ser
o que sequer existe.

E hoje, é todo o conjunto.
Hoje é tudo o que sempre parece não ser;
mesmo partindo do que será ou voltando do mesmo,
saindo do que foi e, sem parar,
nunca sabendo se o tempo vai parar.
Mas, e o tempo, aonde foi?
Fugiu com o que de noção havia 
no que nunca pode ser, mas sempre será,
enquanto ser. Enquanto é.

  

domingo, 24 de junho de 2012

Efetivo

Fatos, fatos, fatos...
E muito mais efetivo.
Controlando os sentimentos, controlando... O sentir. Magnífico.
É que, parece que o que parece é mais importante do que o que é.
E é aí que mora o erro.

"Eu te fiz do mais puro desejo de sucesso. E toda a decepção é para mim, pois qualquer erro seu é resultado da minha falta de efetividade em instrução. Eu te fiz, e você é realmente o que eu sempre quis que fosse..."

Vê-se sempre como se fosse, mas, nem sempre é o que aparenta. Porque o afeto é egoísta e inefetivo.
Quanto estão dispostos a sacrificar os que se dizem tão entregues e devotos ao bem alheio?
Balela.
O afeto é egoísta, pois ele faz bem a ambos. Pois, a dependência do afeto é fraqueza, o que é obviamente desnecessário. O afeto é bom; ele sana o eu mais humano, acaricia a alma.
E que prova de amor seria maior do que abrir mão do afeto? Pois a sua falta dói. Mas se o amor é querer bem, e ser forte significa auto-suficiência, o afeto é descartado.
Eu poderia dizer que sinto muito pela falta dele, mas não.
Porque é justamente por conta da sua ausência que você está numa escala de evolução na qual eu nunca vou poder sequer tocar.
O sacrifício é necessário e efetivo.
E você é o resultado direto de todo o meu trabalho.

"O mundo é mau, litlle child, o mundo é muito mau.
É por conta dessa maldade que eu te criei assim.
Eis que se fazem belas todas as coisas,
mas apenas quando lhes é entregue o devido valor.
Eis que os fortes sobrevivem,
mas é no balanço das forças que está a chave.
E, que direi eu de todo o meu trabalho quando me for?
Quantos fervorosos discursos sinceros de decepção
e sinais de desapontamento sairão das minhas últimas palavras?
Nenhum.
Fiz meus os teus passos, implicitamente,
para que fossem teus quando chegasse a hora.
Eis apenas o que direi, e o que é de verdade:
que todo o trabalho foi e é efetivo enquanto
sibila no seio dos fortes;
e a força é, por muitas vezes,
qualidade de fracos."

Pois o amor está no querer bem; e o bem é alheio, pouco sabido e reconhecido.
O tolo quer reconhecimento; o sensato deseja apenas ser efetivo.

Que seja bem, enquanto de verdade;
e que a verdade seja sempre utilizada como força.
E nós dois sabemos o quão forte você é.


sábado, 28 de abril de 2012

Imperfeição

"Pra que lutar, construir, por que sofrer?
Todos vamos morrer, de um jeito ou de outro."

Depressão? Não mesmo. Realidade.
Já foi colocado como diferença. O sentimento.
Sentimos, e assim o homem se coloca num patamar distinto do restante dos animais. "Somos humanos..."
E vamos para o mesmo lugar.

"E você vai viver sempre pensando na morte?
Vai ficar sempre pensando no pior?"
É, bem normal. Não é bem o medo da morte, e sim o medo de pensar nela.
No que é, no que pode ser. No porquê.
E, por fim, na razão que faz sempre que você corra atrás do vento...

"Vaidade de vaidades, diz o pregador, vaidade de vaidades... Tudo é vaidade.
Que proveito tem o homem de todo o seu trabalho com que se afadiga debaixo do sol?
Atentei para todas as obras que se fazem debaixo do sol, e eis que tudo era vaidade e correr atrás do vento."
-Salomão

No fim, é isso aí. Não existe um motivo para que se faça nada. No fim, é sempre o fim.
E ninguém nunca se pergunta por quê. Somos tão humanos, e por sermos tanto assim, às vezes deixamos de ser humanos.
Você se vê na vida, você leva os seus planos à frente.

"Do mesmo modo, não havia na vida algo de tão maravilhoso que valesse a pena conservar.
Tudo vai ser, do mesmo modo, destruído e ido com o que de noção existia no que foi. Tudo vai ser nada, porque tudo só é porque há quem sinta, e dele se faz todas as coisas, não o contrário. Tudo é porque eu sou, mesmo sendo sem mim."

"Porque o perfeito não é impecável. A perfeição está na forma como toda a imperfeição se harmoniza."

E é só isso. Simples. O argumento. A resposta de ser.

Quando passamos por dor, costumamos perguntar por quê.
Quando sentimos falta, quando choramos.
Ninguém se pergunta por que é feliz, somente por que há dor.
Seria hipocrisia?
Por que, então, você é feliz?
Tudo depende de tudo. Nada existe sem o tudo, e nem o tudo sem o nada.
Só há felicidade porque há dor, e só há dor porque há felicidade. É a lei da interdependência.
E, no meio disso tudo, vem a pergunta: por quê?
E, no meio da fadiga, eu vim socorrer-me.

Não vale a pena, realmente. Não vale a pena.
Não vale a pena passar pelo mundo por passar, não vale a pena ser para não ser.
Não vale a pena saber que nada valerá a pena, já que você passa. Não vale a pena quando você sabe que passa.
Vale a pena quando você vê que não é só. Que tudo é tudo, mesmo que diretamente dependente do nada;
que todo o todo é oriundo dele mesmo, e que ele se completa.
Vale a pena quando, no maior dos pesares pessoais, você encontra-se como peça, e não como centro, mesmo sendo o centro do que só é porque você é.
Vale a pena passar, vale a pena sentir; vale a pena sorrir e chorar, vale a pena tentar.
Vale a pena, porque você é o instrumento que harmoniza a imperfeição, você é essa imperfeição.
Todos nós somos imperfeição, e somos, consequentemente, a maneira com a qual a harmonia torna a imperfeição perfeita.


Eu quero viver, quero morrer. Quero sentir dor, alegria, quero sofrer, regozijar-me. Eu faço parte da imperfeição, eu sou a imperfeição e, por isso mesmo, sou perfeito.

quinta-feira, 19 de abril de 2012

Facultativo

Sobre o riso que mesmo só na aparência,
mesmo que vindo do mais ridículo
senso de pudor, mesmo que impuro, infeliz.
Sobre o riso o olhar desmonta a tentativa,
transforma o que é falso, transparece a sensação;
mesmo sendo demasiado óbvio
o olhar corre sozinho, busca sozinho
demonstrar a verdade antagônica ao que é preciso.

Eu não preciso de verdade, não preciso da verdade;
preciso do teu maior e menor esforço,
preciso apenas do que é preciso,
do que, mesmo sendo reflexo do opróbrio,
é, na verdade, tudo o que é preciso.

Sobre o medo, a atenção;
sobre o muito se importar.
Sobre ter o que preciso ter e não perguntar,
não perguntar se é preciso;
sobre o caminhar existe o pesar?
Sobre o demonstrar existe o ser?

Quando vejo o teu semblante, quando sinto,
quando vejo o que apresenta.
Quando os opostos cruciais mostram as faces
nos espaços que estão sempre vazios;
vazios sim, porque são lacunas arbitrárias.

Sobre o riso que, mesmo só na aparência,
é o que é, não por ser, mas por ser preciso.





sexta-feira, 30 de março de 2012

Você não me domina...

É muito importante saber quem você é.
Até porque, no fim, só você sabe o que realmente prevalece do montante aparente.
Só você pode dizer o que te... Move.
Mas, tenta fazer mais teu o teu eu.

"Eu tenho várias cores, e, infelizmente, não identifico nenhuma delas.
Mas, mesmo assim, são todas minhas.
O amarelo é verde, o azul é preto e branco, mas nem assim elas fogem.
Elas são minhas e eu sou delas, até porque só são porque sou, e eu sou o que são elas.
Minha atenção e valor, meu eu..."

Sobre o impacto.
Acima do que é crucial.
Você acha que isso é o máximo?
Pelo contrário, é terrível...

"Eu tenho vários sonhos.
Mas, enquanto sonhos, sempre serão apenas sonhos...
Eu tenho sonhos reais, pois da aspiração veio a força, da força veio o ser...
E o ser sonho é lindo.
O meio onírico deu um salto; nunca foi impossível.
Mas, sempre foi e sempre será o sonho..."

E enquanto você persegue o sonho, traça caminhos...
E enquanto você procura o sonho, anda confuso...
Mas, quando você delimita o que é o sonho,
aprende a enxergar a realidade.
Sabe, somos muitos. E desses muitos faz-se um só.
Você não está só, assim como não é só;
é conjunto, unidade múltipla.
Quando você sonha, o sonho é só seu;
mas se você atravessa a unidade, o seu sonho é pesadelo.

"E, no fim, eu nunca vou deixar que me domine.
Porque, acredite, você não pode...
Você é instrumento. É necessário.
Eu preciso de você. Eu domino você.
Enquanto embaraçoso seja o nosso caminho,
sempre suave pela brisa calma que vagueia o labutar,
sempre íngreme pelo ardor do ser e do pensar,
serei eu, sempre eu, que hei de dominar.
Você."




sábado, 17 de março de 2012

Apenas sonho

Considerando que sonhos sejam apenas sonhos,
que fôssemos aspiração, desejo apenas.
Que as palavras vistas sejam inaudíveis,
que os sons escutados sejam invisíveis,
que tudo o que existiu seja sempre um sonho.

Considerando que meus pés queriam sofrer,
que meus olhos viram o que queriam ver;
que eram teus os gestos, sendo meus;
que eram tuas as palavras, sendo minhas;
que eram meus os desejos sendo teus.

Passo pelo que passo, sofro o que já sofri.
Ando pelos meus erros, pago pelos mesmos.
Se ao menos pudesse ter a liberdade de
conseguir derramar pranto, corrigir um tanto
que seja do quebrado eu, do interior.
Pelos mesmos passos pago pelos erros
próprios do passado, presente e ausente,
contido no sonho e que, como sonho só,
deteriora o que de sonho ainda mora
no que até poderia ser, mas está longe...

Só queria saber deixar o sonho, deixar de sonhar.